O que você quer ser quando crescer?

E essa foi a pergunta que todas nós escutamos na infância. Muitas queriam ser bailarinas, professoras, artistas e até astronautas. Poucas de nós desejamos ser donas de casa, mesmo que o melhor passatempo da infância fossem as panelinhas, o faz-de-conta da casinha de bonecas e o chá com bolo invisível que alimentava todos os ursinhos. Talvez desde cedo a espontaneidade da alma feminina tenha sido limitada às “profissões oficiais”?

Claro que lutamos por esses direitos profissionais. A tão suada igualdade de gêneros prova todos os dias que ser feminina em nenhum momento exclui a inteligência e capacidade de ocupar altos cargos empresariais ou enfrentar jornadas triplas. Mais do que muitos homens por aí conseguem manejar.

Mas será mesmo que temos que fazer esse malabarismo todo? Por que não podemos ser felizes sendo simplesmente donas de casa, planejando um jantar delicioso ou aprendendo dicas de limpeza que facilitam a rotina? Para quem já conseguiu a façanha de alcançar o patamar da igualdade, inclusive profissional, escolher ser dona de casa ou mãe em tempo integral pode ser uma escolha difícil.

Preencher o campo de “profissão” nos formulários dá uma sensação ruim e pode ser verdadeira tortura enfrentar os comentários: “mas você faz o que mesmo?”, “ah, você só fica em casa?” Não bastasse a escolha ser difícil e contraditória na nossa alma independente, ainda temos que defendê-la. Porque depois vem as piadas, a cobrança e lá vai toda uma sociedade fazendo as mulheres se sentirem culpadas novamente pelo simples direito de escolha.

Alguns chamam de preguiça e outros falta de ambição. Mas quem disse que ambição tem que ser algo ligado necessariamente à carreira profissional? Sonhar em ser uma mãe sempre presente, uma amiga para toda hora ou cozinhar bem também são ambições. O que aconteceu com o simples desejo de tentar ser uma pessoa melhor?

E quem foi que disse que para ser dona de casa você não precisa ser eficiente e ter habilidades “profissionais” como gerenciar, se organizar, delegar tarefas, priorizar, planejar e iniciar projetos? Se já é difícil fazer isso em um ambiente de trabalho formal, imagine com criança chorando no seu pé?

As mulheres corajosas que já fizeram essa escolha não voltam atrás. Pelo contrário, se descobrem mais felizes, realizadas e passam a se valorizar com algo mais do que uma simples profissão. Estudam o que bem entendem, descobrem hobbies, novas habilidades e até o empreendedorismo. Mesmo que muitas mulheres ainda não possam fazer essa escolha por um motivo ou outro, o próximo passo é justamente lutar pelo direito de escolha.

Que cada uma de nós possa encontrar o que realmente nos faz feliz, mesmo que não seja o padrão de felicidade do outro. Seja terminar o mestrado, gerenciar um grande projeto na empresa ou fazer um bolo de fubá cremoso para tomar com café.

“Eu escolho ser dona de casa,
dona do meu pedaço,
rainha do meu lar,
mãe orgulhosa dos meus filhos,
que estão no meu pé a gritar,
mas assim aproveito cada segundo
que a vida quiser me presentear.”

[disclaim]Este post é uma contribuição do Cleanipedia ao blog Eu Dona de Casa.[/disclaim]